

O tempo é o nosso algoz e amigo. Numa era de hiperconectividade e exponencialidade, onde tudo é para ontem e o hoje já é o amanhã, nos sentimos sufocados pelo TEMPO ou pela falta dele.
Para uma vida equilibrada, feliz e saudável a consciência temporal se torna essencial na busca do bem estar.
Que tal um novo olhar para a organização das escolhas do seu tempo?
A baixo 8 verbetes para te ajudar compreender que mudanças são necessárias e possíveis para melhorar a sua relação com o tempo e fazer escolhas melhores e mais equilibradas

1.
Cuide das relações
importantes para você
CONVIVÊNCIA AFETIVA
Quem são as pessoas mais importantes na sua vida hoje? Como elas estão presentes no seu cotidiano? Quantas vezes você as encontrou neste ano que está acabando?
Nestes encontros, você esteve presente de fato, em conversas profundas ou em silêncios reveladores, mas em encontros de troca de afeto e plenitude? O Desacelera SP acredita que a convivência afetiva é uma forma de humanizar as relações e desacelerar. A escuta atenta, a atenção plena e a presença são fundamentais para um caminhar mais lento.
Para saber mais sem pressa:
Devagar. Carl Honoré. São Paulo: Record, 2005.
2.
Perceba as suas escolhas de tempo
CONSCIÊNCIA TEMPORAL
Como você usa seu tempo? Como distribui suas 24 horas de cada dia e os dias da semana em relação ao que gostaria e ao que deveria fazer? O que ocupa mais tempo em sua vida hoje? O que você gostaria que ocupasse mais? Perceba as suas escolhas de tempo e tome as rédeas destas escolhas para você. Pergunte(-se) quando a velocidade faz sentido e quando não faz. Não estamos falando de gestão do tempo. Estamos falando de consciência e autonomia temporal. Basicamente, trata-se de conhecer as suas escolhas de tempo e buscar transformar o que te incomoda (claro que entendemos que algumas escolhas são possíveis e outras não; mas percebê-las já é um passo importante para compreender onde é possível mudar). Às vezes a transformação está justamente em um movimento interno, de percepção sobre suas escolhas de tempo. A velocidade é violência e a pressa é uma dinâmica social que elege a agilidade como coisa positiva. Muitas escolhas, portanto, estão submetidas a convenções sociais. Mas a consciência é transformadora e é o primeiro passo para conquistar a autonomia.
Para saber mais sem pressa:
http://bit.ly/conscienciatemporal
3.
Fale sobre o tempo da vida e das coisas
CONSCIÊNCIA TEMPORAL
Quantas vezes você já respondeu uma mensagem só para não parecer lento? Quantas vezes esta reação rápida não necessariamente atendeu à demanda do seu interlocutor, mas você reagiu mesmo assim, apenas para dar conta da velocidade como demanda colocada e velada? Precisamos falar sobre o tempo. E não apenas na perspectiva da falta de tempo, da pressa, da indisponibilidade, de que precisamos de mais tempo. Precisamos falar sobre os contratos de tempo. Quando mudamos combinados e formas de lidar com o tempo, estamos promovendo pequenas grandes transformações. Em vez de responder aquela mensagem rapidamente e sem sentido, por exemplo, responda dizendo que vai responder com calma assim que puder cuidar dela com a atenção que ela merece. Experimente problematizar prazos e atrasos. Falar sobre o tempo é importante para construirmos novas relações com o tempo.
Para saber mais sem pressa:
http://bit.ly/vamosfalarsobretempo
4.
Faça uma coisa
de cada vez
PRESENÇA E ATENÇÃO PLENA
Vivemos na sociedade do desempenho, que valoriza o “multitasking” (a capacidade de fazer muitas coisas ao mesmo tempo). Na prática, estamos nos revezando de tarefa em tarefa, sendo inefetivos. Perdemos coisas e esquecemos de coisas importantes. Atendemos em ritmo frenético a urgências e não conseguimos dar conta do que são as nossas próprias prioridades. Muitas vezes, pode ser melhor fazer uma coisa por vez, sequencialmente e com atenção plena.
Para saber mais sem pressa:
As coisas que você só vê quando desacelera. Haemin Sunim. Editora Sextante. 2018.
5.
Fique mais tempo
off-line
PRESENÇA E ATENÇÃO PLENA
Você precisa mesmo olhar aquela mensagem assim que o aparelho apita? Precisa mesmo estar online tantas horas por dia? Ou precisa mesmo conversar por programas de mensagem enquanto almoça?
As tecnologias são “ladrões de tempo” na vida contemporânea. Muitas vezes, o “fluir” nas redes sociais, por exemplo, está relacionado com os poucos momentos de entretenimento a que você tem direito no seu dia. Não queremos que você os abandone. Mas pense que você poderia administrar melhor a sua relação com os aparatos tecnológicos e as telas em geral e garantir mais tempo de presença e atenção plena, seja com você mesmo, seja com outras pessoas e relações importantes para você.
Para saber mais sem pressa:
http://bit.ly/tempoetecnologias
ROMANO, Vicente. Ecología de la comunicación. Hondarribia: Editorial Hiru, 2004.
6.
Faça pausas
DESACELERAR
O mundo te pressiona a correr. Parar é um grande esforço. É difícil encontrar na sua agenda apertada e cheia de compromissos tempo para fazer um trecho do seu deslocamento diário a pé, contemplar a cidade, a rua, as pessoas; um tempo para refletir; um tempo para escutar alguém; para ouvir uma música; para almoçar com calma. Imagine um tempo para não fazer nada! Um tempo para não (se) ocupar?! Este tempo é ainda mais raro! Permita-se este tempo sem culpa. Tenha em mente que a pausa não deve servir apenas para recobrar o fôlego para voltar ao trabalho. A pausa é para você. Desfrute.
Para saber mais sem pressa:
Sociedade do Cansaço. Byung-Chul Han. Ed. Vozes. 2018.
Perca Tempo – É no Lento que a Vida Acontece – Col. Motivação. Ciro Marcondes Filho. Ed. Paulus. 2005.
7.
Consuma menos e apenas o que precisa
DECRESCIMENTO E CONSUMO CONSCIENTE
Você trabalha demais, para ganhar uma quantidade de dinheiro e bancar um padrão de consumo que já não sabe bem por que se estabeleceu? Ao inverter esta conta, o movimento do descrescimento sereno propõe que pensemos na ordem da suficiência. A pergunta é: do que eu realmente preciso? Quanto eu preciso trabalhar e produzir para viver com isso que realmente é necessário? É possível viver com menos e uma vida mais simples? Seu autor(a) do seu próprio consumo é repensar, decrescer, consumir menos e consumir produtos bons, limpos e justos. Conhecer a procedência destes produtos. Adquirir o que é necessário e não necessariamente adquirir. Fugir das sazonalidades impressas pelo consumismo. Repensar as noções de status. Priorizar o ser ao ter. Quando consumimos em excesso, também produzimos mais lixo. A humanidade consome quase 30% acima da capacidade de regeneração da biosfera e não existe “fora”. Quando jogamos lixo ‘fora’, estamos jogando dentro. Porque só existe dentro. Nós e o planeta somos um organismo só. Precisamos repensar nossas práticas de descarte. E é possível começar mudando nossas formas de consumir e valorizando o pequeno, o devagar e o local.
Para saber mais sem pressa:
Pequeno tratado do decrescimento sereno. De Serge Latouche. São Paulo: Editora WMF, 2009.
8.
Fique mais tempo em contato com a natureza
DESACELERAR
A natureza tem seu tempo próprio, que é o tempo da vida. “Uma flor não compete com a outra, ela apenas floresce”, diz uma célebre frase. Então, o tempo da natureza nos ensina que o tempo cronológico é uma invenção humana para organizar as tarefas em sociedade. E que não podemos controlar o tempo. Quando convivemos em natureza, percebemos que é possível cuidar de um processo para que ele aconteça e se desenvolva, mas que não podemos controlar nada que está vivo. Ao estar em contato com a natureza, também respiramos melhor e saímos da frequência frenética dos relógios e telas. Mesmo que seja plantando uma pequena horta doméstica, o contato com a natureza, traz de volta o contato com a ordem natural das coisas.
Para saber mais sem pressa:
O bem-viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos. De Alberto Acosta. Ed. Elefante. 2016